Carta à comunidade
CARTA À COMUNIDADE CIENTÍFICA E À SOCIEDADE BRASILEIRA
A Associação Nacional de Pós-Graduação em Ciências Sociais, reunida no seu 41º Encontro Anual, convida toda a comunidade de cientistas sociais e programas de pós-graduação em Sociologia, Antropologia, Ciência Política e Ciências Sociais a refletirem e se posicionarem sobre o grave momento que vive o país e, em especial, sobre suas implicações para a política nacional de ciência e tecnologia.
Os drásticos cortes que atingiram a área de ciência e tecnologia a partir do orçamento de 2015, agravados pelos contingenciamentos sofridos este ano e somadas às previsões orçamentárias para o próximo colocaram a comunidade científico-acadêmica e toda a sociedade em estado de alerta sobre os prejuízos ao país que daí advirão.
Os investimentos públicos em ciência e tecnologia são estratégicos como fundamentos de uma política sustentável de desenvolvimento e de um projeto nacional.
De outra parte, as universidades públicas são reconhecidamente o espaço por excelência de produção do conhecimento científico e tecnológico e da formação de alto nível técnico e científico do país. O Brasil avançou seja na produção científica seja na formação de pessoal qualificado.
O país não pode prescindir de uma política científica nacional, pública, integrada e estratégica, que se coloque à altura dos desafios sociais e econômicos, históricos e contemporâneos, que sua condição e papel no cenário internacional exigem.
Colocar-se nesse contexto em franca defesa de um amplo debate sobre os rumos da política nacional de ciência e tecnologia é um compromisso do qual a ANPOCS, a comunidade e de cientistas sociais e nossos programas de pós-graduação não podem se furtar.
Ao lado da SBPC e de outras 70 entidades, participamos da audiência pública de associações científicas no Congresso Nacional, em 10 de outubro. Da mesma forma, apoiamos outras iniciativas, como as marchas pela ciência, que vêm procurando mobilizar a comunidade científica nacional e alertar a sociedade para o quadro de franco desmonte da política científica, das universidades públicas e da educação no país.
O momento exige reflexão, tomada de posição e ação. Consideramos fundamental a recriação do Ministério da Ciência e Tecnologia e a recomposição de seu orçamento e o das universidades federais e das agências públicas de financiamento à pesquisa, sobretudo do CNPq e da Capes.
A ANPOCS conclama a comunidade científica e a sociedade brasileira a se engajarem nessa luta.
Caxambu, 26 de outubro de 2017.