A cosmografia Munduruku em movimento: saúde, território e estratégias de sobrevivência na Amazônia brasileira
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Neste artigo, examina-se a perspectiva do povo Munduruku sobre o meio ambiente, bem como a relação do conhecimento
e da práxis deste povo em relação à prevenção e à resolução de problemas de saúde. A ocupação do território, o uso
de recursos disponíveis e a vida social implicam efeitos sobre os corpos Munduruku, na medida em que a manutenção
dos laços sociais e a proteção do ambiente são consideradas por eles como condições necessárias para a reprodução da
coletividade. A partir de uma perspectiva particular aos Munduruku sobre como funciona o cosmo e sobre a eficácia das
práticas de autoatenção, necessárias à reprodução biossocial individual e coletiva, evidencia-se, neste artigo, a relação
intrínseca entre ambiente e saúde, evocando a articulação entre as dimensões pragmáticas, sociais, ontológicas e políticas
das estratégias de sobrevivência coletiva e de manutenção do território, desenvolvidas pelos Munduruku frente aos
desafios, às lutas e às ameaças emergentes das situações cosmopolíticas e interétnicas. Por fim, argumenta-se que a política
brasileira sobre os povos indígenas é contraditória, pois, por um lado, investe grandes recursos na assistência à saúde e,
por outro, ignora os conhecimentos tradicionais sobre saúde e ambiente, de modo que a política de desenvolvimento
econômico atua contra as necessidades plenas de bem-estar. - Daniel Scopel, Raquel Dias-Scopel, Esther Jean Langdon
- Artigo
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Scielo

