- Criado: 05 Março 2018
“Theotonio foi um dos fundadores da chamada versão marxista da teoria da dependência, ao lado de Ruy Mauro Marini e de Vânia Bambirra.
Em suas obras destacou o caráter concentrador, desigual e superexplorador do capitalismo latino-americano. Assinalou que o desenvolvimento que nele ocorria não rompia com o subdesenvolvimento, mas o aprofundava sob novas formas. Apontou, por estas razões, a fragilidade das democracias latino-americanas que poderiam ser ameaçadas por formas autoritárias e fascistas para destruir os avanços sociais que ensejasse. Como base nisso, redefiniu as teorias do fascismo para analisar as suas variações históricas.
Theotonio criticou a forte vocação autoritária do neoliberalismo, apontando que se baseava em alto nível de intervenção do Estado e em seu controle, principalmente, pelas frações financeiras e rentistas do grande capital. O autor sempre esteve ao lados das lutas populares e democráticas na América Latina. Denunciou o golpe de Estado de 2016, no Brasil, o papel que alguns intelectuais locais com forte projeção internacional nele exerceram, e que os seus efeitos são os de aprofundar a desnacionalização, a desindustrialização e a subordinação internacional do país. Ele apoiou como alternativa à dependência, o socialismo e o capitalismo de Estado de forte base popular, bem como a construção de uma nova geopolítica internacional que retomasse o espírito de Bandung, onde o Brasil teria papel de destaque, ao lado de potências emergentes, como China, Rússia, Índia e África do Sul.
O autor destacou-se ainda nas ciências sociais como um dos expoentes das análises do sistema-mundo, ao lado de Immanuel Wallerstein, Giovanni Arrighi, Samir Amin e Andre Gunder Frank. Deixa uma vasta obra de 38 livros e 150 artigos científicos traduzidos para 16 idiomas”
Eduardo Martins, professor associado do IFCS/UFRJ